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Paraná Agroflex: mais agrotóxico e menos floresta
O governo do Paraná anunciou a criação de um grupo de trabalho que revisará a lei dos agrotóxicos para atender ao pedido de flexibilização de registro de novos tóxicos feito por produtores do estado.
Fonte Paulo Salamuni - 14/04/2011 - 17h26min Imprimir
Paraná Agroflex: mais agrotóxico e menos floresta

O governo do estado do Paraná anunciou a criação de um grupo de trabalho que terá a função de revisar a lei dos agrotóxicos para atender ao pedido de flexibilização de registro de novos tóxicos feito por produtores do estado. Entretanto, alguns dados apontam para o perigo que essa flexibilização pode representar aos paranaenses.

De acordo com dados Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o Paraná utiliza 12 kg de agrotóxicos por hectare ao ano. Esse valor é três vezes maior que a média nacional, de 4 kg/ha/ano. Entretanto, este não é o único dado alarmante do setor: ainda de acordo com o Ipardes, os agrotóxicos utilizados no estado são classificados como perigosos e muito perigosos, em uma escala que vai de pouco a altamente perigosos. A ameaça à saúde da população é maior em algumas regiões do Paraná. Em cascavel a quantidade de tóxicos nas plantações é ainda maior: 23kg/ha/ano. Londrina com 21kg/ha/ano e Ponta Grossa com 20kg/ha/ano completam a lista das três regiões que mais aplicam tóxicos em suas culturas. Nessas três localidades, outro dado alarmante é que se registra o uso de agrotóxicos qualificados como altamente perigosos; ou seja, os mais nocivos na escala.

Em nota técnica do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), está explícito que a lavagem dos alimentos pelos consumidores não elimina todos os resíduos tóxicos neles presentes. “Neste caso, uma vez contaminados com resíduos de agrotóxicos, estes alimentos levarão o consumidor a ingerir resíduos de agrotóxicos”.

Mais um exemplo que expõe a fragilidade do controle do uso de agrotóxicos foi revelado por uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso. A pesquisa revelou que o leite materno de mulheres da cidade de Lucas do Rio Verde, 354km de Cuiabá, está contaminado por agrotóxicos. Das 62 mães analisadas, todas tinham seu leite contaminado. Em algumas mulheres foram encontrados seis tipos diferentes de veneno, alguns deles proibidos por causarem infertilidade masculina e aborto espontâneo.

Agrotóxicos na água

Além da contaminação direta dos alimentos, os agrotóxicos são, de acordo com dados do IBGE, a segunda maior causa de contaminação dos recursos hídricos no país; estão atrás do despejo do esgoto doméstico.

Além do anseio de tornar mais elástica a legislação dos agrotóxicos, os grandes produtores do estado também tentam articular a elaboração de um Código Florestal paranaense. É nesse ponto que as frentes de pressão dos ruralistas convergem e escancaram a despreocupação ambiental dos grandes produtores rurais do estado. O atual Código Florestal determina uma faixa de 30 metros de mata margeando os rios. De acordo com Jean Paul Matzger, professor de ecologia da USP, essa é a faixa mínima para que a vegetação exerça a função de filtro; impedindo que os agrotóxicos utilizados nas plantações escorram para os rios e contaminem a água.

Desta forma, a pressão ruralista é duplamente nociva, pois flexibiliza a regulação dos agrotóxicos e reduz a faixa de vegetação na margem dos rios.

 
     


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